Alexandra Azambuja, mãe de uma Matilde vegan com 15 anos e de uma Laura perguntadeira. Não se considera uma mulher típica da idade dela e sempre que a realidade não lhe agrada faz alguma coisa para a mudar, ou pelo menos tenta.
1. Apresente cada um de vocês e identifique algumas das características/personalidade.
Sou uma Mãe tardia - aos 35 e 44 anos. Tendo vivido em 29 casas, diversas cidades e dois países, filha e neta de casais divorciados e anti-clericais não sou propriamente uma portuguesa típica da minha geração; trabalho em Publicidade, tenho 51 anos, organizo uma família monoparental e quando a realidade não me agrada, bem... tento mudá-la :))
A Matilde tem agora 15 anos é uma adolescente tranquila, uma aluna regular e desde há um ano vegan por opção; desenha particularmente bem e vai estudar Artes Visuais no secundário, já em Setembro. Tem imenso talento para cozinhar e como qualquer menina desta idade vive ligada no telemóvel, gosta de estar com as amigas e de se divertir.
A Laurinha tem 7 anos, é a perguntadeira-mor, nasceu com uma curiosidade insaciável e é bastante divertida. Tem uma verdadeira legião de fãs na minha página do FB por causa das perguntas e comentários originais que produz habitualmente. É dada a amuos e tem o mimo próprio de ser a última de 7 irmãos, espalhados por várias famílias...
2. Como é conciliar o trabalho com a maternidade?
Concilio bem, agora que tenho um regime quase só de teletrabalho, mas já tive épocas em que tive de organizar eventos a partir do telemóvel na varanda da pediatria do Hospital de Leiria com a minha filha mais velha internada...
Não é fácil, nos tempos que correm, dizer não à sobrecarga de trabalho, aos horários de trabalho que entram pela família adentro, mas devemos ter presente que nem as crises duram sempre, nem o trabalho pode ocupar o lugar do que realmente importa: os filhos. Embora seja um equilíbrio que se constrói diariamente, é preciso nunca perder de vista as prioridades.
3. Qual o melhor programa em família? Acha que Leiria tem programas/ actividades e locais interessantes para as famílias?
O melhor programa em família é estarmos juntas. Não fazemos há alguns anos saídas regulares porque envolvem despesas que a contenção económica desaconselha, mas vivemos bem em casa com algumas idas à baixa de Leiria. A Matilde vai regularmente a Lisboa onde vive o Pai e aí explora a cidade e a grande oferta cultural que existe. A Laurinha vai aos fins-de-semana para o Pai que vive em Leiria e passeiam sobretudo pelos roteiros mais naturais.
Leiria não tem grande oferta qualitativa para as famílias, mas comparado com o deserto que já foi está bastante melhor; tendo em conta a demografia portuguesa e a nossa História, o lamentável atraso que o país tem não é de estranhar; assim sendo, a oferta de uma cidade como Leiria é só uma parte daquilo que Portugal tem para nos oferecer: pouco.
Saliento pela positiva a devolução à cidade do Mercado de Santana, a revitalização de um espaço que foi reconstruído no mandato PSD sem qualquer programação que o aproximasse das pessoas e a construção neste segundo mandato do PS de uma verdadeira programação eclética, que tornou o Mercado de Santana um pilar incontornável da baixa de Leiria, ao lado da Praça.
4 . A Laura e Matilde têm actividades extra curriculares?
As minhas filhas não têm actividades extracurriculares apenas porque são todas caras para o nosso orçamento familiar. Se possível teriam Natação - a Laurinha - e Yoga a Matilde. No entanto discordo do hábito de sobrecarregar crianças e jovens com mais de uma actividade extra. É preciso tempo para brincar, tempo para estar em família e também tempo para não fazer nada...
5. Educa a Laura e Matilde na esperança de serem cidadãs de pleno direito, capazes de ler o mundo de forma crítica e sobretudo educo-as para serem pessoas decentes.
6. A Laura é uma “menina perguntadora”. Tem sempre resposta para as questões dela? Quando não tem o que faz?
Muitas vezes não tenho respostas para a Laurinha. Às vezes minto descaradamente - como quando me perguntou se ficaria com ela para sempre - porque acredito que na infância o mundo deve ser o mais seguro e sólido possível. Terá todo o resto da vida para saber que o mundo é triste e injusto.
Outras vezes remeto a resposta para um dia que há-de vir e outras ainda sou sincera, como quando pergunta como foi que nasceu a primeira pessoa; digo-lhe que ainda ninguém sabe, mas que se ela estudar muito talvez venha a saber essa resposta um dia. Cada pergunta difícil exige uma resposta adequada. Não há receitas e também não sei se dou as melhores respostas. Tento, pelo menos...
7. Foi mentora da manifestação positiva pelo Parque do Avião, acha importante envolver as crianças desde de cedo na decisões e projectos da cidade?
Envolver as crianças nos projectos da cidade é "brincar aos crescidos" e brincar é a linguagem da aprendizagem. Para aprenderem que a cidade e as coisas públicas são nossas, são de todos, é preciso vivê-las, lutar por elas, aprender a estimá-las. É preciso também que as crianças aprendam que nem tudo o que os adultos fazem e dizem está certo, é preciso que aprendam a ler o mundo de forma crítica e a ter uma voz que um dia contará.
8. Perde a cabeça com… com o estado a que a Escola chegou em Portugal.
9. Ama quando… quando a magia acontece apesar da realidade.
10. Ser Mãe é… o melhor de tudo!
Obrigada Alexandra!
Adorei! estou com a Alexandra, é preciso tempo para não fazer nada!
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