As manhãs

O Cláudio costuma dizer que dois para um é perfeito, dois para dois que é suposto ser perfeito, mas é difícil para carago, devíamos ser três pais para dois filhos! Mas somos só dois e de manhã sou só uma. 

Manhãs perfeitas são poucas, daquelas que acordamos a horas devidas, vestimos, tomamos o pequeno almoço sentados na mesa, e vamos a cantarolar prédio fora. Ohhh não, é mesmo caótico! E tem dias, muitos ultimamente, que a minha tampa salta. Peço mil vezes para o Gui lavar os dentes, para vestir, para comer, juro aquela torrada parece infinita, como é possível demorar tanto tempo. Acabo por gritar com ele, ele fica assustado, chora e aí é que já não come e nem faz nada. No mesmo segundo arrependo-me, falo calmamente, explico-lhe as coisas, ele até parece que compreende. Mas não há volta a dar, já berrei. Já me sinto frustrada por não conseguir fazer de outra maneira. Passo o dia cheia de vontade de o abraçar. Mas sabem o que acontece, chego a casa e se for preciso acontece o mesmo. Sério, isto é difícil, muito difícil. Parece que não sei nada do que me espera, imagino que o que vem aí mais fácil não será. 

Espero que amanhã seja diferente, espero não! Vou fazer para que seja, vou buscar a maior das minhas forças para que as manhãs sejam a cantarolar! Será uma espécie de exercício, que não há forma e nem posso falhar! Tenho que me lembrar que das poucas horas que passo com eles, esta de manhã é a nossa hora.