O que guardo deste Natal

Já gostei mais do Natal e já gostei menos. Porque com o passar do tempo perdemos algumas das pessoas mais importantes e ganhamos outras, mas que por muito importante que sejam nunca vão substituir os que já cá não estão. E mesmo quando temos a casa cheia, quando temos as crianças a correr e a gritar pelas prendas, há sempre um vazio que nunca vai ser preenchido. E quanto mais a família cresce, mais difícil é de gerir as presenças, jantamos aqui e depois almoçamos ali, e ainda visitamos algumas "capelas" pelo caminha, porque a família também são os amigos, são os que ganhamos por empréstimo ao longo da vida. Quero estar com todos, quero partilhar a alegria com todos, por isso não gosto muito do Natal, gosto muito da vida, dos almoços sem razão e dos lanches só porque sim, sem compromissos de prendas, sem desperdícios de comer, sem obrigação de uma mesa perfeita e de luzes a piscar.
Hoje o Natal faço pelo Little, para crescer na fantasia, para lhe proporcionar a magia do sonho, para ser uma criança com imaginário, para acreditar que há um Pai Natal que com carinho oferece uma prenda. Tento evitar excesso de presentes, sim tento mas não sou tão bem sucedida como desejo, porque todos o adoram encher com novos presentes. Acreditam que tenho presentes embrulhados? Estão guardados para um dia, um dia qualquer, um dia que peça alguma coisa, um dia que esteja com o mimo, um dia que me lembre só para o fazer feliz, só porque sim. Para que percebe que a vida também oferece presentes quando menos esperamos.
Este Natal, mais do que os outros, percebi que adoro dar, adoro a cara de surpresa de quem recebe. Comprei prendas apenas para os mais novos e tive o cuidado de embrulhar para não se perceber logo o que era. Para os velhos :) fiz com carinho chocolates numa caixa toda fofinha, home made, baixo custo e saboroso, ficaram tão bem que não acreditaram que foi feito em casa, fiquei feliz.
Fica ainda para a memória a primeira festa de Natal da escola do Little, estava tudo muito caseiro, tudo feito pela escola, sem o glamour das festas de colégios mas com o carinho que aquelas pessoas dedicam todos os dias aos nossos filhos. O Little ficou envergonhado e nervoso, fez a primeira actuação e não voltou ao palco. Não tem mal, para o ano tentamos novamente.
O que guardo deste Natal? Que na confusão, pode reinar a felicidade. É isto que é o meu Natal, uma confusão feliz!