Ao oitavo dia apodera-se de mim um sentimento de culpa, abandono, de missão falhada. É um sentimento que me aperta o coração, a alma, a carne, é um sofrer silencioso, não dramático que me consome devagarinho a energia, a felicidade. Aquela hora do adeus família, adeus casa, adeus meus amores, adeus nós...aquela hora que quero apenas ficar enrolada nos braços deles, que quero ficar ali sossegada a olhar para eles, ficar a ver como eles dormem, como cada um deles me faz feliz, como cada um deles me preenche tanto, aquela hora que não devia existir para nenhuma mãe e pai. Aquela hora em que sentes que tens tudo ali, que não precisas de mais, aquela hora que é seguida de um segundo de realidade, que levo uma chapada na cara e acordo para a realidade, que afinal tenho que ir, que tenho que fazer pela nossa vida, que vivemos em sociedade, numa que exige demais de nós, que nos impute condições de sobrevivência, bem diferentes daquelas que gostava. E ao oitavo dia as pernas tremem, a força desvanece. A felicidade é daqueles que têm coragem, coragem de viver. E eu neste oitavo dia sinto-me a sobreviver e não a viver. Sei que passa, eu acredito que a luz de um novo dia traz sempre nova esperança, eu acredito que amanhã vou ter coragem, que a força vai voltar, mas hoje permitam-me que vá a baixo, permitam-me! Até amanhã, até um novo dia.
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