As voltas que um bebé dá

20.5.15

Das sensações mais inesquecíveis que uma grávida pode ter é a sentir o bebé a mexer-se na sua barriga. Um pontapé aqui, um espreguiçar ali....na sua ginástica diária o bebé relembra À mãe, me vários momentos, a sua presença. A fluidez do líquido amniótico permite que ele vá mudando de posição à medida que vai crescendo. Por volta das 35 semanas, com um espaço já reduzido, desce até à pélvis e adapta-se à posição em que supostamente irá nascer.

A posição ideal é a chamada occipito-publica (anterior). A cabeça do bebé aponta para baixo, as costas estão coladas à barriga da mãe e a face voltada para a coluna vertebral ( da mãe). A boa noticia é que a maioria dos bebés adopta naturalmente esta posição antes do nascimento. Mas há vários casos em que as cambalhotas dão outros resultados.

Más posições
Numa pequena percentagem, há bebés que escolhem ficar numa posição transversal, quando se colocam ao longo da pélvis com a cabeça de um lado e as nádegas de outro. Em linguagem corrente, diz-se que estão atravessados e é uma das poucas situações para as quais a cesariana está indicada. São os bebés pélvicos. Ao contrário do que habitualmente se pensa, em alguns casos, pode ser possível realizar-se um parto por via vaginal.  
Segundo Ester Casal, chefe se serviço das Obstretícia e Ginecologogia do Hospital Garcia da Horta, "O parto pélvico pode ser considerado uma boa prática, desde que feito por uma equipa muito bem preparada. Como em tudo na vida, o treino é que nos dá segurança e neste hospital tínhamos uma equipa constante e diária, que facilitou adquirirmos treino nesse tipo de partos, Fazíamos muitos!"No entanto, no ano de 2000, um estudo internacional veio descredibilizar esta via. "Foi a desgraça do  parto pélvico pois as pessoas amedrontaram-se muito. O estudo revelava um risco acrescido de mortalidade neonatal, as críticas foram imensas e mais tarde conclui-se que havia erros na própria avaliação". A má imagem mantém-se na opinião pública, 15 anos depois e os casos continuam a ser pontuais, com a consequência de existirem poucos profissionais com experiência neste tipo de parto. No parto pélvico a mãe é a parte fundamental e é ela que está a fazer tudo. Nós só estamos a dar-lhe força e coragem para conseguir, vamos orientando o bebé para se manter flectido e só depois da saída das nádegas é que podemos começar a ajudar na extracção!"

"O parto pélvico pode ser considerado uma boa prática, desde que feito por uma equipa bem preparada"

Ajudas práticas
Algumas posturas que, feitas diariamente, estimulam a adopção de posições cefálicas do bebé. O ideal é serem praticadas duas a três vezes por dia, durante pelo menos 15 a 20 minutos.
- Andar regularmente e assumir posições verticais e inclinada para a frente são atitudes favoráveis a uma versão espontânea;
- Levar os joelhos ao queixo. Algumas pesquisas sugerem que este exercício pode ajudar a desloca o peso do bebé, remodelar o útero e relaxar a parede uterina de forma a criar condições para que o bebé dê a volta;
- Posição de gatas com elevação da pélvis da mãe. A mãe deve colocar-se com as mãos e os joelhos no chão, de forma a que o rabo fique mais elevado. Este exercício cria mais espaço e liberta o peso do bebé da parte inferior das costas. Esta posição é mais eficaz se praticada quando o bebé estiver activo;
- Deitar-se de costas (barriga para cima) sobre almofadas, mantendo uma diferença de altura de aproximadamente 40 graus.
- Andar de gatas. Exercitar as ancas ajuda a encorajar as posições anteriores e permite trabalhar os músculos abdominais e lombares, importante para o trabalho de parto.
- Rebozo. Com o auxílio de um xaile comprido que é passado por trás da bacia, são realizados movimentos de vai e vem de forma a girar a bacia ( o movimento permite ajudar o bebé a mudar de posição, após o seu desencaixe da bacia da mãe). A mãe pode estar posicionada deitada ou de gatas.

"O estilo de vida sedentário das mães, que permanecem muito tempo sentadas, tem sido apontado como uma das causas do aumento dos bebés nesta posição."

Terapias alternativas
Sem estudos científicos que comprovem a sua eficácia, mas a verdade é que apresentam resultados em algumas situações, segundo a enfermeira de saúde materna e obstetrícia Isabel Carvalho. 
- Técnica de moxabustão, que se baseia nos princípios da Medicina Alternativa Chinesa e no conhecimento dos meridianos de energia trabalhados na acupunctura. Estimula os pontos que estão ligado aos útero, o bebé é incentivado a dar a volta.
- Homeopatia e técnicas de visualização, em que o pai pode participar falando com o bebé perto da região pélvica, de forma a que ele tente seguir a voz que já conhece. Utilização de uma luz forte, colocada na mesma região, para que o bebé se sinta estimulado a seguir a luz. 

" A decisão sobre a via do parto deve ser deixada à grávida, após transmissão da informação completa sobre as hipóteses existentes"

O que é Versão Cefálica Externa?
É uma técnica de manipulação externa do feto, recomendada pelas principais sociedades científicas internacionais como a melhor forma de levar o feto a passar de uma posição pélvica para cefálica. É sempre realizado em meio hospitalar e deve ser proposto às grávidas por volta das 34/35 semanas. Desde que não haja nenhuma contraindicação que a inviabilize, vale sempre a pena tentar, segundo Ester Casal. 

Texto adaptado da Revista País&Filhos, podem ler mais aqui

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